sexta-feira, 11 de março de 2011

Relatório mostra que discriminação contra minorias sexuais cresceu e se tornou mais violen

Repassando

Natasha Pitts
Jornalista da Adital
Adital
 
A discriminação contra as minorias sexuais não só cresceu, mas se tornou mais violenta no ano de 2010. A informação consta no "IX Relatório Anual de Direitos Humanos da Diversidade Sexual do Chile”, apresentado nesta quarta-feira (9) pelo Movimento de Integração e Liberação Homossexual (Movilh). O informe mostra que a discriminação teve um aumento de 11% no ano passado. Apesar disso, também foram registrados 44 marcos e avanços históricos para os direitos de gays, lésbicas, bissexuais e transexuais.
O número de casos de abuso e opressão denunciados em 2010 foi de 138, ou seja, 11% maior do que no ano passado. Este total representou um assassinato, cinco agressões físicas ou verbais vindas de civis, dois abusos policiais, nove abusos laborais e nove no âmbito educacional, 22 campanhas homofóbicas ou transfóbicas, quatro situações de exclusão institucional, 35 marginalizações ou obstáculos para o uso de espaços públicos ou privados, 11 atos de violência praticados por famílias, amigos ou vizinhos; 42 declarações contra a diversidade sexual e um evento contra a igualdade no campo da cultura, mídia e entretenimento.
Pela segunda vez, as lésbicas foram as mais afetadas pela discriminação. 11% dos casos afetaram a elas, enquanto 10% afetaram a população gay e 4% dos casos registrados foram de abusos contra transexuais. A maior parte, 75% dos casos, prejudicou a diversidade sexual como um todo.
De acordo com o relatório, além do aumento, os casos de discriminação no ambiente escolar, de trabalho e familiar se tornaram mais graves e violentos, pois as pessoas e instituições que agem contra a igualdade de direitos para as minorias sexuais "reagiram em cadeia contra os avanços a favor deste setor social”.
De acordo com o relatório do Movilh, em campanhas discriminatórias e violentas as pessoas LGBT foram descritas como "perigosas, antinaturais, inadequadas, erradas, irracionais, anormais, pedófilas, desviadas, abomináveis, coisas raras, trágicas, sem sentido, libertinas, destrutivas, ingratas, defeituosas, entre outros adjetivos de repúdio.
Apesar do crescimento das denúncias, de acordo com Rolando Jiménez, presidente do Movilh, o que aconteceu foi um aumento na força de reação dos que são contrários à igualdade de direitos para as minorias sexuais. "Apesar de tudo, o exposto não quer dizer que em nível cidadão e social a discriminação aumentou, pois as pesquisas indicam o contrário. O que acontece é que os mesmos setores de sempre se mobilizaram com mais força contra a igualdade, de maneira sistemática e arrancando mais vozes opositoras aos direitos de suas próprias fileiras”.
O ano de 2010 não foi marcado apenas por fatos negativos, pois foram registrados 44 avanços históricos para os direitos de gays, lésbicas, bissexuais e transexuais. Um desses avanços foi protagonizado por Elías Bermúdez, um homem gay que ganhou a guarda do sobrinho de dois anos. Ainda no âmbito das decisões judiciais, o relatório do Movilh afirma que a verdade foi revelada no caso do incêndio ocorrido em 1993 na discoteca gay Divine, onde 16 pessoas foram mortas.
No campo das políticas públicas, ganhou visibilidade a aprovação de uma Ordenança Municipal contra a discriminação em Puerto Montt e o lançamento de um Regulamento de Convivência Escolar do Ministério de Educação que aborda orientação sexual. Também foi comemorado o fato de que, pela primeira vez, um programa religioso foi multado pelo Conselho Nacional de Televisão (CNTV) por fazer declarações homofóbicas e transfóbicas.
Por esta mistura de vitórias significativas ao mesmo tempo em que cresceram as denúncias de discriminação, 2010 foi considerado "o ano do caos”.
IX Relatório Anual de Direitos Humanos da Diversidade Sexual do Chile no link:
http://www.movilh.cl/documentacion/IX-Informe-anual-ddhh-2010-movilh.pdf

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